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Storytelling

Nasci no interior da Paraíba, num lugarzinho chamado Cajazeirinhas, vim de uma família muito simples. Meus pais conseguiram uma oportunidade de trabalho na cidade grande e foram embora para lá. Fiquei morando com minha avó, uma senhora miudinha, mas muito arretada, que era a melhor costureira que já conheci, e desde sempre confeccionou minhas vestimentas. Cresci vendo-a transformar pedaços de pano desinteressantes em lindas peças de roupas que brilhavam os olhos de suas clientes. Adorava vestir os retalhos que sobravam e desfilar pelo corredor de casa, me imaginando numa passarela iluminada sendo aplaudida por todos.

Vovó, sabida como era, observou meu interesse e logo pôs-se a me ensinar a costurar também. Lembro-me até hoje da primeira peça que fiz, foi um bolero feito de chita que certamente não brilharia os olhos de ninguém, mas que me causou imensa satisfação em vê-lo pronto.

Com o decorrer dos anos, foi ficando cada vez mais difícil para a vozinha costurar, então passava os trabalhos mais complexos para eu fazer. A baixinha era exigente, se não ficasse perfeito, ela mesmo desfazia os pontos e me mandava refazer. Confesso que às vezes isso me deixava enfurecida, ainda não sabia que aquele era seu jeito de me amar.

Era véspera de Natal, vovó já não costurava mais, e eu tinha tantas encomendas para o final de ano que mal conseguia dar conta. Foi então que ela me pediu algo que jamais imaginei: queria um vestido para passar o ano novo feito por mim. Me surpreendi com o pedido, pensei: ''Como vou conseguir fazer esse vestido a tempo? Ainda mais para vovó, que certamente me fará refazê-lo inúmeras vezes até ficar do seu agrado!''

Planejei sugerir para irmos a alguma loja e comprar um algo pronto, mas recordei-me de quantos vestidos, mesmo sem tempo, dinheiro e forças, ela já havia feito para mim, e percebi que não poderia negar seu pedido.

Fiz as perguntas padrão: Qual modelo? Qual tecido? Qual cor? Ela apenas respondeu que poderia fazer como eu quisesse. Me subiu um frio na espinha, no entanto, acatei seu desejo.

Comprei um pedaço de linho branco e pus-me a costurar. Entre uma encomenda e outra, me dedicava ao seu vestido, e no dia 30/12, depois de muito sufoco, consegui terminá-lo. Ficou simples e elegante, assim como era a vozinha, embrulhei-o num papel de presente e entreguei a ela com meu coração acelerado. Ela abriu o pacote, o desdobrou e observou com os olhos marejados. Não consigo pôr em palavras o que senti naquele momento... Vê-la tão feliz desfilando pelo corredor de casa usando uma peça que fiz foi mais emocionante que qualquer aplauso que pudesse receber.

Passamos a virada do ano juntas e, depois dos fogos, ela me disse: ''Você está pronta, minha filha, está na hora de ir. Cajazeirinhas não te cabe mais.''

Ouvi em silêncio, não me sentia pronta para sair dali, pensei em todos os obstáculos que me impediam.

Dias depois, numa manhã de domingo, acordei sem sentir o cheiro do café e do cuscuz no ar. O céu, que sempre estava ensolarado, naquele dia foi tomado por nuvens acinzentadas. Ela havia partido. Dormindo e serena, foi a cena mais triste e linda que vivenciei.

Algum tempo passou, mantive seu quarto fechado e não fui mais nele, porém, precisava de um carretel de linha que estava lá dentro. Não tive alternativa a não ser ir pegá-lo. Quando entrei, a porta do guarda-roupa estava aberta, e um filete de raio de sol o adentrava, guiando meus olhos até o vestido branco de linho que se iluminara. Aquilo teve significado para mim, senti-me finalmente encorajada a alçar novos voos.

Assim fiz e, desde que tudo isso aconteceu, passaram-se quinze anos. Hoje moro em São Paulo e, depois de inúmeros perrengues, consegui abrir a Sunchine, minha marca de roupas e escola de costura. Profissionalizamos mais de 5 mil alunas por ano, prontas para ingressar no mercado de trabalho e bordar sua própria história.

Ao todo, temos 3 unidades e ofertamos cursos presencialmente e on-line.

Se assim como eu, você sonha em confeccionar roupas de tirar o fôlego, a Sunchine te fará brilhar. Acesse o link abaixo que te levará ao nosso site e dê início à sua trajetória no mundo da moda: www.linkdaescolademodasunchine.com

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Olá, Natalia! Tudo bem?

Que história linda e emocionante você compartilhou! Sua narrativa é um exemplo perfeito de como o storytelling pode ser poderoso e cativante. Você conseguiu transmitir emoções e valores de uma maneira que prende a atenção e cria uma conexão genuína com quem lê.

Parabéns pelo bom trabalho e obrigada por compartilhar essa atividade com a comunidade Alura!

Conte com o apoio do fórum em sua jornada :)

Um abraço e bons estudos!