Olá, Jhonathan! Como vai?
A questão que você levantou é realmente complexa e tem sido objeto de estudo e debate entre filósofos, neurocientistas e psicólogos há séculos. O relacionamento entre o cérebro (e seu funcionamento biológico) e a consciência (nossos pensamentos, sentimentos e percepções) é frequentemente referido como o "problema mente-corpo".
No contexto do curso e da aula que você está estudando, a ideia é que temos dois sistemas semi-independentes em nosso cérebro, como mencionado por Daniel Goleman. O sistema descendente, que trabalha constantemente nos bastidores, resolvendo problemas e economizando energia, e o sistema ascendente, que é multitarefa e analisa tudo que está em nosso campo de percepção.
A economia de energia é uma característica evolutiva. Nosso cérebro é um órgão que consome muita energia, então, ao longo da evolução, desenvolveu-se de maneira a economizar energia sempre que possível. Isso é feito automatizando processos e tarefas que realizamos regularmente, permitindo que o cérebro gaste menos energia nesses processos e tenha energia disponível para situações em que precisamos pensar mais profundamente ou reagir rapidamente.
Quando você menciona estar em harmonia consigo mesmo, isso pode ser interpretado como uma conexão forte e consciente entre esses dois sistemas. Você está ciente de seus pensamentos e sentimentos (sistema ascendente) e também é capaz de refletir e resolver problemas (sistema descendente).
Agora, do ponto de vista filosófico, algumas correntes podem interpretar isso sim dentro de um paradigma dualista ou dentro de um paradigma não dualista. Se pegarmos desde Descartes, temos essa visão que divide o homem em duas instâncias, mas, em outras perspectivas, o homem é visto como um ser único, mas composto, ou seja, apesar de você ser um indivíduo integral, a sua integridade é composta de partes que fazem você ser o que é (assim como a mesa é um objeto uno, composto de partes que interagem de maneira harmônica para constituir a unidade mesa). Na visão dualista, o homem não é um ser composto, mas duas coisas de naturezas distintas cuja conexão é dificilmente explicada. Inclusive, quando Descartes entende o homem como "mente e corpo" para uma linguagem mais moderna, a principal dificuldade dele é explicar como o corpo, que seria um tipo de substância, se relaciona com outro tipo de substância que seria a mente.
Na filosofia, você pode encontrar, principalmente na filosofia moderna, uma série de filósofos que vão tentar superar esse dualismo proposto por Descartes e você tem aqueles que ainda seguem uma linha mais aristotélica-tomista, na qual o homem é visto como um ser composto, integral.
Assim, para os dualistas somos duas coisas. Para os não dualistas, como Aristóteles ou Tomás de Aquino, somos um.
Espero ter ajudado e bons estudos!
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