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Planos de carreira

Ao me perguntar o que acho dos planos de carreira atualmente, só penso na quantidade ainda persistente de barreiras na inovação de pensamento, de estratégias e de práticas na gestão pública. Inegavelmente muita coisa está mudando, positivamente, como a Transformação Digital que tem avançado muito a oferta de serviços públicos, e a implementação do Gov.BR que é um ótimo exemplo de que dá mesmo certo.

Por outro lado, ainda há muita resistência no dia a dia do serviço público. Muito disso se dá pela própria estrutura fragilizada do setor público, sem recursos (ou com recursos desviados ou subutilizados), sem muito incentivo à inovação, à capacitação, qualificação e possibilidade de práticas novas pelos servidores públicos, que muitas vezes encontram-se sem instrumentos ou condições para que esse trabalho/serviço se desenvolva. E a resistência a qual me refiro não é só dos líderes e gestores, pois muitas vezes estes até fazem um esforço para dar essas condições. Mas outros aspectos também persistem na inércia, como é o caso de algumas carreiras públicas (tanto no sentido fincanceiro quanto no sentido normativo) que geralmente demoram décadas para serem revistas ou adaptadas às mudanças do mundo.

Sem negar os avanços recentes no serviço público, e até no modo como as pessoas tem acessado estes serviços, ainda temos muito a avançar, e na minha opinião, somados aos esforços do Estado, das lideranças organizacionais e com a devida aplicação dos recursos públicos, o desempenho dos servidores públicos deveria ser melhor mensurado. Porém, muitas vezes por conta dessa estrutura frágil que citei ali em cima, que é um fator muito desmotivador, o servidor público apresenta falta de interesse, ausência de um sentimento de pertencimento, ou do sentimento de que o nosso trabalho importa, tornando suas entregas insatisfatórias.

Sem querer focar no pessimismo apenas, eu acredito que está aumentando o número de pessoas comprometidas atuando na esfera pública. A sociedade está começando a entender que é possível ter um serviço público de qualidade, com o uso consciente das ferramentas de participação social, e também com a escolha consciente de governantes. O trabalho que estas pessoas estão fazendo é um pouco demorado e mais complexo por causa desse engessamento e desmotivação de que falei antes. Mas quanto mais dessas pessoas existirem, mais pessoas terão a oportunidade de ter essa visão positiva do nosso trabalho de servir à sociedade. E acredito que veremos cada vez mais a importância de ensinar, cuidar, fiscalizar, policiar, limpar, atender, agendar, planejar, executar, contratar, coordenar, gerenciar e liderar para uma vida digna e justa em sociedade.

Temas como integridade, ética, desenvolvimento pessoal, cultura organizacional, gestão e negócios tem apresentado bastante a ideia de que somos responsáveis pelas nossas atitudes, que temos um código de justiça, de humanidade e de valores. E também a ideia de que nós fazemos a nossa história, nossa vida e nossa carreira, e que nossa carreira não é apenas o nosso cargo, mas o conjunto de experiências que temos no mundo, e que impacta nos grupos sociais dos quais fazemos parte. A ideia de que todos nós, com ou sem um forte propósito, podemos fazer a diferença na nossa própria vida, e consequentemente, fazermos diferença na vida de uma coletividade. E tudo isso faz muito sentido, pois nós somos mesmo pessoas autônomas, que podem fazer escolhas, criar soluções, atuar de forma transformadora, e em harmonia.

Dito tudo isso, acho que os planos de carreira são feitos por nós mesmos, a medida em que vamos nos permitindo essa adaptabilidade e essa disposição para o "lifelong learning", sem perder a consciência de que a transformação deve ser um trabalho em grupo. Mas é preciso saber que a nossa parte ser bem feita também importa.

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Excelente conteudo , obrigado por compartilhar