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Kanban - Como evitar o Cascata disfarçado?

Minha dúvida é referente ao método Kanban, que utiliza o quadro com as 5 etapas de evolução das tarefas.

O Kanban, assim como o Scrum, preza a multidisciplinaridade, fazendo com que as pessoas da equipe possam trabalhar em qualquer uma das 5 etapas, porém no meu ambiente de trabalho sinto um pouco de dificuldade quanto a isso, visto que várias destas etapas demandam conhecimentos específicos, por exemplo: ferramentas de prototipação, ou ferramentas de desenvolvimento e ferramentas de testes.

Ao longo do tempo, é natural que as pessoas se especializem nestas ferramentas e o fluxo de trabalho se molde automaticamente (sem esforço, por inércia) ao modelo de cascata pois as pessoas que vão adquirindo o conhecimento nas ferramentas específicas, vão se prendendo às etapas que possuem mais conhecimento.

Ao mesmo tempo que isso fere algumas premissas das metodologias ágeis, é difícil evitar pois além de ser o caminho natural (ou seja, para evitar esse comportamento, deve ser despender esforço), esse tipo de comportamento ajuda a equipe pois conforme as pessoas vão adquirindo esse conhecimento em etapas específicas, a qualidade (e o prazo) dessas entregas vão aumentando justamente por essa especialização, faz com que o esforço da multidisciplinaridade seja contraintuitivo, visto que diminui a qualidade e o prazo de entrega.

Fiquei com essa dúvida e gostaria de discutir este tópico e ver ler outras visões a respeito.

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Caro Euripedes,

Obrigado por sua postagem!

De fato existem, alguns usos do kanban que em alguns momentos acabam fazendo dele mais um "mural/painel de demandas/status" do que uma ferramenta efetiva para de um sistema puxado, indo até certo ponto ponto na contramão do que a filosofia Lean que originou o Kanban e diversas práticas ágeis preconizam.

Neste sentido, pelo seu relato talvez um ponto para ajustar o kanban que aparentemente é o usado no dia a dia do seu trabalho de uma visão "empurrada" para a uma visão "puxada", o primeiro passo seria, caso ainda não façam aplicar as métricas básicas de acompanhamento de sistema Kanban (Leadtime, Work In Progress-WIP, Cycletime, Throughput).

Assim, estas métricas medidas e analisadas vão acusar na prática o impacto deste "carimbo" de especialidade estar prevalecendo na multidisplinariedade da equipe e consequentemente na eficiência do sistema de produção Kanban, bem como no valor gerado.

Outro ponto importante é que o painel Kanban tenha rituais ágeis, papéis/responsabilidades e governança associados à utilização dele.

Neste sentido, reforçarmos o visão do(a) Product Manager, do (a) PO, do(a) Scrum Master, do(a)(s) agilistas, ou quaisquer outras nomenclaturas que sejam dadas na sua organização, para usarem as métricas Kanban na identificação de cadências desejáveis para a produção usando de maneira balanceada os esforços/contribuições de todos os membros da equipe independentemente do grau de especialização de alguns membros.

Desta forma, teremos na ótica do nível de produção como um todo e também numa análise de redução de desperdícios que o Lean prega, sendo dois deles associadas à "supertilitzação" e "subutilização" de recursos.

Por fim, importante destacar que na essência a agilidade é uma abordagem adaptativa de gestão principalmente em termos de escopo e qualidade, mas com certa "rigidez" em termos de prazo (por isso temos timebox para quase tudo).

Esperamos que suas reflexões e mergulhos sobre a aplicação eficiente do Kanban, cada vez avancem mais!

Bons estudos!