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Expressões usadas e o tratamento dispensado aos deficientes

Olá! Como Vai, Natan?

Queria somente registrar que você fez uma afirmação bastante delicada no curso. Afirmação que pode passar uma impressão definitiva para aqueles que não tem contato com pessoas deficientes, quando talvez seja apenas uma opinião particular sua.

Sou deficiente visual há 20 anos e não suporto ser chamado de PCD. Ao contrário do que afirmou, a expressão "deficiente" não é pejorativa e não caiu em desuso, sendo utilizada em documentos oficiais e leis.

Por outro lado, sobre essa sigla "PCD", tenho a impressão, e isso é uma opinião minha, de que foi criada por quem não tem nenhuma deficiência, já que, na verdade, quem se incomoda com as palavras "deficientes" e "cegos" em geral são aquelas que nenhuma deficiência possuí. Percebo que muitas pessoas se sentem constrangidas em utilizar essas expressões, então preferem PCD, pois isso "doura a pílula". Para mim, porém, é só mais uma camada de preconceito que foi adicionada por cima de tantas que já existem. Uma expressão que não resgata qualquer dignidade, tão pouco traz algum respeito às relações com os deficientes, pois tenta mascarar a deficiência com um jogo de letras sem sentido.

Fica meu registro.

Forte abraço!

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Oi Murillo, tudo bom?

Primeiramente me desculpe por isso, pode ter certeza que tentamos ao máximo deixar esses cursos de acessibilidade imbátivel à falhas seja nos termos ou na forma de ensinar.

Com relação às terminologias, nos baseamos em textos como esse sobre terminologias do blog Desculpe Não Ouvi onde a autora diz que o termo seria "errado" pois deficiência é uma condição e não algo que a representa como um todo.

Foi muito enriquecedor pra mim como professor, e pessoa, ter esse feedback, pois já posso comentar em aulas e talks que mesmo terminologias que julgamos mais inclusivas, estão sujeitas à falhas, o que rema contra a maré com a ideia quando falamos desses temas.

Vou colocar no exercício sobre terminologias essas ressalvas.

Abraços e bons estudos!

Olá, Natan!

Imagina, nenhuma necessidade de pedir desculpa. O grande problema de termos como "PCD" é que as pessoas apenas o usam como um rótulo a mais, adicionando uma camada de preconceito extra por cima de tantas que já temos. Já cheguei ao absurdo de ouvir o termo "não PCD", o que me faz pensar se o sujeito não é deficiente ou não é uma pessoa.

Creio que quando se refere diretamente à pessoa deficiente, não vejo qualquer problema em utilizar termos como "cego", "surdo" ou "cadeirante" ou mesmo "deficiente", ainda que o correto seja dizer que alguém """tenha" uma deficiência, e não "que "seja" deficiente. No entanto, tudo isso é só uma questão de opinião, de gosto pessoal. Apenas chamei a atenção para o fato de tomar como "verdade absoluta" a opinião de uma pessoa, no caso, a tal blogueira. Isso faz com que coloquemos todos no mesmo "balaio", o que é de certa forma um preconceito também, já que não levamos em conta as opiniões individuais. Cada pessoa é única e deve ser vista e tratada como tal.

Forte abraço!

Sensacional Murillo, muito obrigado pelo relato!

Abraços!

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