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[Sugestão] O paradigma do Olho no Olho

Tenho uma sugestão (que também é uma reclamação) sobre a recomendação abaixo, apresentada no curso Oratória parte 2 - apresentações em público.

"Olhar para cima ao falar pode sugerir que você está mentindo, ao passo que olhar para baixo pode ser interpretado como um sinal de confusão. Por isso, o melhor é olhar para a frente, ainda que se sinta desconfortável e não consiga manter o contato visual por muito tempo. Olhe para a orelha ou o queixo da outra pessoa — em suma, para qualquer lugar que não seja para baixo ou para cima."

Como já comentei em um tópico mais antigo, infelizmente ainda há muito desconhecimento sobre os processos que levam muitas pessoas a terem dificuldade em sustentar um contato visual.

Por vezes elas são interpretadas não só como inseguras, como também mentirosas. Seguir tal regra de bolso apenas alimenta atitudes preconceituosas que prejudicam de sobremaneira indivíduos que muito provavelmente são neurodivergentes. A dificuldade em olhar nos olhos é, por exemplo, uma característica típica do TEA - Transtorno do Espectro Autista. Os Autistas tendem, portanto, a se concentrarem mais nas regiões da boca e do nariz, pois foi dessa forma que eles aprenderam a reconhecer rostos desde o nascimento.

Os "truques" de olhar para a orelha ou para o queixo (ou qualquer outra parte do rosto que não os olhos) não funcionam, simplesmente porque os indivíduos neurotípicos percebem de forma automática o ligeiro desvio em relação aos olhos, pois é neles que eles buscam informações não verbais para interpretar o outro. Tal recomendação funcionaria apenas quando a distância entre os interlocutores for suficiente para que tais desvios não possam ser detectados, uma vez que a visão humana requer uma dada angulação para tanto.

Exigir que tal pessoa fixe o olhar a qualquer custo e admitir que elas sejam mal interpretadas por conta disso não é muito diferente de se exigir que um deficiente auditivo preste a atenção quando o chamamos de longe, fora de seu campo visual, o criticando por não ter respondido prontamente.

Alura, já passou da hora de vocês desenvolverem um curso que caminhe para uma maior conscientização de particularidades como essa.

O mundo não é feito apenas por neurotípicos, e não é porque os neurodivergentes não são a maioria que eles devam continuar a serem forçados a se sufocarem.

Não se fala tanto em diversidade? Só as que podem ser vistas de longe importam?

Alura, já passou da hora!

3 respostas

Olá, Rodrigo. Tudo bem? Gostaríamos de agradecer por redigir estes pontos em nosso fórum, isto nos ajuda a percebermos estes aspectos. Pensando em melhorar não somente o conteúdo mas contemplar neurotípicos e neurodivergentes, esta atividade foi desativada pela equipe Alura para passar por revisão e ser substituída por uma mais adequada. Esses feedbacks importam muito e, em caso de outras atividades em que você tenha percebido algo que possa ser melhorado, seguimos a disposição.

Rodrigo, se essa resposta te ajudou, por favor, marcar como solucionado ✓. Bons estudos!
solução!

Cara Fernanda; excelente!

Aproveitando, tenho sim outras sugestões com vistas a melhor contemplar os neurodivergentes, tanto no que se refere a materiais que abordam comunicação/relacionamento quanto aprendizado.

Para ser mais específico, precisarei consultar o material de alguns cursos novamente. Entretanto, em linhas gerais, as minhas sugestões caminhariam tanto no sentido de que há diversas orientações que pressupõem a ausência de neurodiversidade quanto na necessidade de ampliar o conhecimento sobre a neurodiversidade.

Em toda a plataforma, encontrei apenas um (ótimo) artigo sobre isso, o que claramente não é o suficiente.

Precisamos aumentar a conscientização das pessoas sobre esse mundo da neurodiversidade.

Não somos todos iguais nem por fora, nem por dentro. E jamais seremos realmente inclusivos enquanto todos nós ignorarmos isso.

Fico muito feliz pela resposta e pela iniciativa demonstrada.

Olá, Rodrigo. Obrigada pelo retorno.

Estas informações são elementares para o trabalho que estamos fazendo.

Agradecemos por fazer parte disso. Nossa iniciativa já está sendo posta em prática.

Pensamos que o quanto antes agirmos, melhor podemos oferecer.

Bons estudos!

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