Quando jovem, eu era piloto de aviões comerciais. Tinha um prazer enorme em ver o mundo lá de cima: o topo vermelho das casas; as árvores; as ruas sinuosas; o vento forte batendo no vidro da frente. Subir e descer nas pistas nos aeroportos era sempre um prazer. A única exceção foi numa chegada a Fortaleza, em outubro. O vento estava em torno de 50 km/h na capital cearense,
Iniciei o procedimento de descida, conforme o orientado. O avião começou a balançar um pouco mais forte do que o comum. Era uma turbulência. Segurei firme o manche e continuei a descida, tentando manter a estabilidade o máximo possível. Nova balançada. Via sistema de som interno, ouvi o comissário de bordo reforçando que os passageiros permanecessem com os cintos afivelados. Respirei fundo e continuei a descida. Cerca de dois minutos depois, a pista do Aeroporto Pinto Martins se aproximou: o avião tocou o solo com cuidado - e iniciei o freiro reverso, a fim de limitar a velocidade da descida. Foi inconsciente, mas suspirei aliviado. Foi aí que ouvi, mesmo dentro da cabine, os aplausos da tripulação e dos passageiros.
ELEMENTOS UTILIZADOS:
- Visualização do ambiente;
- Anormalidade;
- Algo muito importante em jogo;
- Obstáculos quase intransponíveis;
- Corrida contra o tempo.