Quando menina, uns 11 anos, fui convidada para fazer uma paletra junto com meus colegas de aula para todas as demais turmas da escola. Era uma palestra sobre religião. Um colega falava sobre amor, o outro sobre paz e assim por diante. A minha parte era fazer um apanhado geral de tudo o que eles falaram. Eu sempre fui tímida, mas até aquela época eu ainda conseguia falar em público, mas eis que cada vez que eu começava a falar todo mundo chorava. Chegou um momento que fomos convidados a palestrar para os professores, e o mesmo aconteceu. Os professores se emocionaram com a minha fala e choraram também. Então fomos convidados a ir para um programa de TV. Nessa altura o peso já era muito grande pra mim. Eu era apenas uma criança, e na minha cabeça, já que eu falava sobre religião e as pessoas se emocionavam, eu tinha que ser freira (eu era Católica). Então contei tudo para minha mãe e ela me disse que não, que eu não precisava ser freira, que eu tinha o dom da oratória, mas que se isso estivesse me incomodando, eu parasse. Então parei, e nunca mais consegui falar em público daquela forma tão natural. Hoje, aos 59 anos, só falo quando sou obrigada e depois de muito ensaiar.