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O que aconteceu comigo

Queria aproveitar esse tópico sobre tomada de decisão para compartilhar o que aconteceu comigo.

Eu tinha apenas 23 anos e trabalhava no telemarketing de uma grande empresa. Uma vez estava acontecendo uma processo seletivo interno secreto, era para um cargo específico na controladoria e quem fazia a seleção do profissonal era o próprio dono da empresa. Os candidatos eram indicados por seus supervisores e ninguém sabia do processo seletivo até que fosse selecionado.

Mas o sr. Dono, gostou do meu perfil e marcou uma entrevista. Ele tinha dito que havia gostado das minhas competências e características e que queria me promover (mas não para o cargo que ele estava selecionando). Ele simplesmente me fez uma pergunta que para mim valeu 1 milhão de reais. "Ele disse: qual cargo você quer? me diz onde você quer trabalhar que eu vou te encaminhar para lá". Parecia surreal e eu pedi que ele me recomendasse o setor que ele achasse que fazia mais sentido então ele me selecionou para um departamento (vou chamar de X) que por sinal era muito visado. Tinha uma boa remuneração e eu preenchia os requisitos, mas era um setor que estava completo, não havia vagas, mas ele estava disposto a fazer ter.

Mas antes de assumir as minhas funções no setor X, eu precisaria ficar um tempo em vários outros departamentos para aquirir experiência antes de ir para o X. Acontece que eu não imaginava que a notícia poderia correr, mas vários supervisores desses departamentos em que eu teria que ficar, almejavam essa vaga. Foi pressão em cima de pressão.

Eu cheguei a esquecer completamente o que eu estava fazendo, eu não ia ficar nesses departamentos para sempre, mas eu não conseguia sair de lá. Até descobrir que duas supervisoras que visavam a vaga, estavam passando um feedback negativo a meu respeito e por isso me seguravam no setor inferior. Eu tinha um ótimo relacionamento com meus clientes, meu trabalho era sempre finalizado em dia, eu batia metas, meus colegas sempre contavam comigo e me pediam ajuda. Eu assumia trabalho dos meus colegas para adiantar a equipe, enfim, eu tinha plena consciência de que eu era uma boa funcionária mas eu não era capaz de enxergar a pressão em cima de mim, por causa da tal promoção.

Uma vez a minha supervisora, inclusive passou por uma saia justa quando dava um feedback negativo a meu respeito para a gerência e o gerente me chamou na sala pra confirmar se era verdade tudo o que ele estava ouvindo (várias mentiras foram desfeitas ali e eu podia prová-las, inclusive).

Para resumir, meus dias ali estavam contados, finalmente eu já estava perto de avançar (por causa da bendita reunião que desmascarou a supervisora) mas ela aumentou a pressão em mim e eu sucumbi. Simplesmente, um belo dia eu estava tendo uma crise de ansiedade por conta do stress e pedi demissão. Não passava nada na minha cabeça naquele momento, eu simplesmente queria acabar com tudo aquilo que estava me matando e pra mim a forma de fazer isso era saindo da empresa.

(Detalhe que nesse mesmo dia, um colega pediu demissão para voltar para sua cidade natal e a nossa supervisora pediu para que ele esperasse um pouco já que tinhamos dois colegas de férias, a equipe ficaria desfalcada, mas quando eu pedi demissão, ela levantou e me encaminhou para sala de reunião imediatamente; me trouxe papéis para assinar, não me deixou despedir de ninguém, eu peguei minhas coisas e fui embora).

Por causa de um momento altamente estressante eu dei fim a uma carreira que seria muito promissora. Independente dos motivos que me levaram a isso, hoje olho pra trás e vejo como fez falta ter alguém pra conversar, na verdade o simples fato de entender que eu precisava conversar, esfriar a cabeça, respirar fundo, ter foco em onde eu queria chegar... Eu acredito piamente que se eu tivesse tomado um decisão com a cabeça fria, nada disso teria acontecido.

Se eu puder deixar um conselho para os meus colegas eu diria: nunca tomem uma decisão séria sem conversar com alguém, sem deitar a cabeça no travesseiro. Eu realmente tenho dificuldades em pedir ajuda, eu gosto de resolver tudo sozinha e por isso, não conseguia ver que eu precisava de ajuda, eu precisava urgentemente abrir o que estava se passando com alguém. Sair da cena, tomar um café, olhar pro céu, meditar, tantas estratégias existem para nos ajudar a controlar nossas emoções, coisa simples... mas eu não tinha noção de nenuma delas. Quantas coisas poderiam ser evitadas se a gente tivesse esse cuidado.

Fica aí meu relato :)

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Oi Thays,

Nossa, queria acreditar que isso era um conto... Lamento profundamente pela situação. Já passei por algo semelhante e agi totalmente na emoção... Foi um luto muito profundo lidar com essa saída, mas cheguei num ponto que tive que escolher entre a minha sanidade e a carreira e concordo plenamente contigo, ter essa conversa, esse tempo pra esfriar os ânimos faz total diferença.

Obrigada por compartilhar, é um relato muito importante.

Ah Priscila, então você me entende! Também lamentei por muito tempo, demorou até que eu virasse essa página. Depois dessa aula, estive conversando com meu marido, que também trabalhou na mesma empresa, e notamos que apoios como esses não são muito oferecidos. Tem sempre aquela colega do RH que diz que "a porta da sala está sempre aberta" mas mesmo assim, é tudo muito frio. Como seria bom se cursos, aulas e estratégias de inteligência emocional fossem mais presentes dentro dos ambientes onde tem muita pressão, aliás, só de ter gente trabalhando, isso é necessário! Quantas vezes nós esquecemos que somos humanos!

Verdade Thays, faz toda diferença.... Sinta-se abraçada. =)