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Empatia não é se colocar no lugar do outro.

É preciso tomar cuidado com esse conceito de que empatia é se colocar no lugar do outro, pois podemos cair no erro de pensar que é realmente possível transpor a sua subjetividade para o local onde a outra pessoa está, que é totalmente diferente da sua realidade. É preciso respeitar o outro como outro, dotado de um percurso de vida e visões de mundo muito diferentes da sua.

Empatia é compreender os sentimentos que o outro está vivenciando a partir de sentimentos que você possui, e acolher esse sentimento, ouvindo de forma ativa e sem julgamento. Conforme Brené Brown disse em seu livro A coragem de Ser Imperfeito (recomento a leitura, inclusive):

"Empatia é se conectar com o sentimento que alguém está experimentando, e não com o acontecimento ou circustância. [...] Não há maneira certa ou errada de demonstrar empatia. É simplesmente escurtar, criar espaço para a sinceridade, não emitir julgamentos, se conectar emocionalmente e transmitir aquela incrível mensagem restauradora que diz 'Você não está sozinho'." (BROWN, B., p. 62, 63)

Marshal Rosenberg, psicólogo que trabalhou muito tempo em torno da resolução de conflitos e criou a Comunicação Não Violenta (CNV), também tem uma ideia muito parecida sobre a empatia, para ela a empatia também exige conexão e ausência de ideias preconcebidas e julgamento. No seu livro Comunicação Não Violenta (também recomendo a leitura), ele diz:

"A empatia, por outro lado, exige que se concentre plenamente a atenção na mensagem da outra pessoa. Damos aos outros o tempo e o espaço que necessitam para expressar-se por completo e sentir-se compreendidos." (ROSENBERG, M., p. 118)

Colocar-se no lugar do outro, de certa forma, é um julgamento de que você sabe exatamente o que se passa dentro dessa pessoa, o que acaba não dando espaço para a pessoa se abrir e transmitir a mensagem dela. Entender que não é possível saber disso é uma forma de empatia.

O desenho de uma batata com um sorriso e os dizeres "me desculpe pela postagem longa, aqui uma batata".

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Olá Nayara, tudo bem? Espero que sim!

A sua explicação está IN-CRÍ-VEL! Meus parabéns pelo empenho!

Agradecemos MUITO por compartilhar o seu conhecimento conosco! Esses momentos de troca de ideias são muito importantes porque, além de te ajudar a praticar mais e mais, ajuda também outras pessoas que estão trilhando o mesmo caminho de aprendizagem que você =)

Existe um artigo no Blog da Alura que talvez te interesse, se chama "Alteridade e Empatia no mundo da UX Design. Espero que goste!

Muito bem! Até mais!

Olá Gabriela!

Muito obrigada pelo retorno e esse artigo é ótimo, eu ainda não tinha lido, obrigada. ^^

Enquanto estudante de Antropologia, eu acabo esbarrando e discutindo (às vezes até exaustivamente ^^') essa questão da alteridade no campo de pesquisa etnográfica. Vários autores já questionaram e problematizaram a presença do Antropólogo a partir dessa questão.

Mas com relação à empatia, dizer que é "se colocar no lugar do outro" é bastante didático, mas é preciso tomar cuidado apenas para não cair naquela questão da alteridade. Espero ter colocado de uma forma inteligível. rs

Obrigada <3