É preciso tomar cuidado com esse conceito de que empatia é se colocar no lugar do outro, pois podemos cair no erro de pensar que é realmente possível transpor a sua subjetividade para o local onde a outra pessoa está, que é totalmente diferente da sua realidade. É preciso respeitar o outro como outro, dotado de um percurso de vida e visões de mundo muito diferentes da sua.
Empatia é compreender os sentimentos que o outro está vivenciando a partir de sentimentos que você possui, e acolher esse sentimento, ouvindo de forma ativa e sem julgamento. Conforme Brené Brown disse em seu livro A coragem de Ser Imperfeito (recomento a leitura, inclusive):
"Empatia é se conectar com o sentimento que alguém está experimentando, e não com o acontecimento ou circustância. [...] Não há maneira certa ou errada de demonstrar empatia. É simplesmente escurtar, criar espaço para a sinceridade, não emitir julgamentos, se conectar emocionalmente e transmitir aquela incrível mensagem restauradora que diz 'Você não está sozinho'." (BROWN, B., p. 62, 63)
Marshal Rosenberg, psicólogo que trabalhou muito tempo em torno da resolução de conflitos e criou a Comunicação Não Violenta (CNV), também tem uma ideia muito parecida sobre a empatia, para ela a empatia também exige conexão e ausência de ideias preconcebidas e julgamento. No seu livro Comunicação Não Violenta (também recomendo a leitura), ele diz:
"A empatia, por outro lado, exige que se concentre plenamente a atenção na mensagem da outra pessoa. Damos aos outros o tempo e o espaço que necessitam para expressar-se por completo e sentir-se compreendidos." (ROSENBERG, M., p. 118)
Colocar-se no lugar do outro, de certa forma, é um julgamento de que você sabe exatamente o que se passa dentro dessa pessoa, o que acaba não dando espaço para a pessoa se abrir e transmitir a mensagem dela. Entender que não é possível saber disso é uma forma de empatia.