Solucionado (ver solução)
Solucionado
(ver solução)
2
respostas

Clareza de propósito não é fácil de alcançar, mas é possível!

Bom dia! Eu acho que não serei nada breve aqui, pois essa formação "Minha carreira" tem ajudado muito a refletir sobre alguns pontos que já tem me incomodado faz um bom tempo.

Eu trabalho há 9 anos em uma instituição pública de educação e foi meu primeiro emprego estável e com um salário que mudou totalmente minha vida, pois venho de uma família de muitos filhos e poucos recursos. Passada essa emoção inicial de ascenção social, pude acessar várias oportunidades de crescimento na carreira através de capacitação, qualificação e pela confiança que fui conquistando através das minhas entregas e do meu comprometimento (que hoje analiso ter advindo do sentimento de gratidão por toda a mudança que aquilo me proporcionou). Desde o início da minha vida profissional, tive um senso de responsabilidade sobre o significado de ser servidor público. Acredito que ao entregar um bom serviço público, podemos melhorar a sociedade de verdade, colocando em prática aquela pergunta "como eu posso melhorar o mundo em que vivo?". Mas ultimamente tenho me sentido subaproveitada, não por "culpa" dos outros, mas porque parei de aprender mais, e a aplicação do meu trabalho tem sido "mais do mesmo", e isso me faz sentir que não consigo entregar nada que transforme ou aprimore o serviço público em que atuo.

Sou apaixonada pela instituição em que eu trabalho, aqui entregamos educação gratuita em diversos níveis educacionais, com qualidade, cuidado, inclusão, acessibilidade, produção de ciência e tecnologia, acolhimento... e isso me dá muito orgulho. Mas olhando para o que eu gosto de fazer, para a minha trajetória formativa (sou licenciada em História) e profissional (atuei como técnica administrativa por 6 anos e nos últimos 3 anos assumi a função de ouvidora da instituição), tenho tentado olhar para o que tem de melhor em mim para entregar no trabalho e na vida.

Tenho pensado em tudo o que eu já fiz, nas minhas formações, e tenho sentido uma vontade imensa de progredir na carreira. Mas a dúvida maior ainda é sobre qual o caminho seguir. Durante minha formação acadêmica, tinha certeza que meu destino seria a carreira de professora, mas lembrando das vezes em que atuei nessa área, e até na qualidade da atenção que dediquei a minha formação, eu percebo que é uma área que gosto, mas que não me deixa arrepiada quando me vejo nesse lugar. Por outro lado, sou fascinada pelo potencial que a educação tem de transformar a sociedade.

Nos últimos 3 anos, atuando pela primeira vez na ouvidoria (e eu me candidatei a esta função querendo trabalhar com algo novo e desafiador), conheci temas e áreas que me encantaram de uma maneira avassaladora, como transparência, controle social e participação ativa da sociedade nos processos de gestão das instituições públicas. Mesmo atuando na ouvidoria, a vontade de crescer no trabalho ainda tem me angustiado, pois o salário de servidor técnico administrativo é baixo e ocupando a função de ouvidora, ainda assim não compensa toda a minha dedicação e não atende às minhas expectativas financeiras. Por outro lado, olhando minha formação e a carreira docente da minha instituição, consigo ver crescimento financeiro, pois é uma carreira mais atrativa nesse aspecto.

(CONTINUA...)

2 respostas

Conversando com meu marido após algumas aulas desse curso, tentei fazer essa análise. Ele relatou que quando lembro das vezes em que eu fui professora, eu falo com desânimo, minha voz fica baixa. Ele me perguntou qual tema da área de História eu gostaria de trabalhar se eu tivesse que dar uma aula amanhã, e eu não consegui responder, porque na verdade eu sinto que fiz uma faculdade sobre algo que eu nem gostava. Eu consegui lembrar de algum tema que gosto, mas também lembrei que as vezes que tive que preparar aulas sobre temas que eu realmente não gostava, foram experiências terríveis, onde eu sabia que não estava fazendo um bom trabalho, e ao mesmo tempo sofria por não estar gostando daquilo.

Quando falamos sobre meu trabalho atual, sobre os temas que eu mais gosto em ouvidoria, sobre como eu gosto de ser a mediadora entre a sociedade e a administração pública, sobre como eu amo ajudar as pessoas a acessarem seus direitos, sobre como é incrível uma lei dar o direito de acesso à informação pública para as pessoas, sobre como algumas denúncias podem mover a gestão para a solução de alguns problemas graves ao invés de ignorá-los, meu marido destacou sua percepção de como pareço feliz e motivada ao falar desses temas. Para ele, eu sou uma servidora comprometida com o serviço público. E essa fala mexeu bastante comigo. Eu realmente me sinto motivada demais quando meu trabalho impacta a vida de pessoas, quando consigo convencer um gestor a melhorar um processo com base nas reclamações e denúncias que recebo. E nessa conversa consegui perceber inclusive que minha admiração pela carreira de professor tem mais relação com minha admiração pela educação do que por alguma aptidão minha para essa profissão. E percebi também que enquanto ouvidora (ou até gestora pública, ponto esse ressaltado pelo meu marido), eu posso atuar em áreas que me ajudem a sentir que faço parte dessa transformação, ao mesmo tempo em que se abrem possibilidades inúmeras de aumento salarial (que tem sido uma questão importante para mim).

Li diversos livros sobre clareza de propósito, e muitos fizeram provocações interessantes, mas nos últimos dias tenho finalmente conseguido entender que encontrar o propósito (ou missão de vida, ou o seu porquê de ser e fazer) é muito, muito difícil, mas quando vamos olhando para o que já fizemos, quando percebemos o que fazem as pessoas que admiramos, quando nos perguntamos o que mais gostaríamos de fazer ou ser, acabamos cedo ou tarde entendendo o que foi dito por um dos autores citados nas aulas: o nosso propósito não é o que queremos ser, é o que nós já somos (ou algo assim rsrs). Quando olhei para a minha trajetória, com diversos erros e acertos, as coisas começam a fazer sentido.

Termino esse relato esclarecendo que não sinto que encontrei uma resposta para as minhas angústias, apesar de parecer, mas sinto que encontrei um norte para seguir, e pela primeira vez sinto também que posso estar errada sobre tudo isso, e tudo bem! Por que é com a experimentação que vamos construindo e descobrindo qual a nossa praia. Acho que propósito é isso: encontrar a nossa praia. E só entrando nela que poderemos saber se é ela mesma a nossa praia!

Desculpem o textão, mas escrever ou falar ajuda a gente a escutar nossas ideias. =)

solução!

Oi, Raline, tudo bem?

Muito bacana ler o seu relato! Durante sua fala, você mesclou aspectos super importantes para a escolha de carreira, como conhecimento na área de atuação, experiência pessoal com as áreas e diálogo com pessoas próximas. São uns dos aspectos que nos ajudam a refletir sobre o que queremos fazer ou sobre como estamos fazendo nosso trabalho.

Sem dúvida, nossa jornada não é linear e ao longo dela vamos percorrendo vários percursos. Te desejo sabedoria para percorrer aquele caminho que você considera o melhor pra você.

Obrigada por nos contar seu relato, te desejo um ótimo dia de estudos!

Abraços!