Roteiro para a entrevista/briefing

Olá!

Acho bem complexa a questão de preferências do cliente. Pois, nem todo cliente que solicita uma identidade visual entende que o objetivo é que ela seja assertiva em relação ao público alvo dele, ela não está relacionada aos desejos e preferências do designers e nem dele (cliente).

Sei que toda decisão deve ter fundamento para que o cliente entenda o motivo de cada escolha, mas como lidar com clientes que querem contratar um profissional não para trabalhar no projeto e sim só para executar o que ele quer?

É ruim pedir ao cliente referências, perguntar sobre cores e fontes?

Oi Kesia, como vai?

Durante a conversa é interessante você mostrar pra pessoa que está te contratando que sua opinião e sua visão será levada em conta, mas que você vai trabalhar de forma objetiva para além de gostos pessoais, e que o projeto levará em conta um pensamento sistemático de como resolver o problema. Apresente isso e seja transparente. Demonstrar segurança costuma confortar a pessoa contratante.

Você pode fazer as perguntas que quiser e que achar necessário para deliminar e resolver o probelma, e esse processo de pesquisa, quanto mais transparente e feito com curiosidade a respeito da visão do cliente, demonstra que está você está interessada em sua ótica e que ela será levada em conta no resultado, colocando todos no mesmo barco e o vetor do projeto em apenas uma direção.

Sei que nem sempre isso será suficiente e há clientes que tornam o trato mais difícil, e até aqueles que são tão difíceis de lidar que o trabalho passa a não ser mais interessante. A recomendação que eu dou é: seja curiosa sobre o que a cliente tem a dizer, afinal de contas ela é a dona do negócio; seja política, cedendo em decisões que não são suas mas que possam funcionar também, tecnicamente, pois isso dá à cliente a noção de que ela participa, mas também seja firme nas questões objetivas mais importantes e não ceda em suas decisões a respeito delas, porque aí não é só uma questão de atender aos desejos da cliente, mas às necessidades do projeto e seus critérios mínimos de qualidade do seu trabalho.

Por exemplo: se um cliente exige que seja utilizada uma tipografia cuja semiótica seja completamente inapropriada para respresentar seu negócio, cumpre a você falar um pouco sobre tipografia, dizer por que a fonte preferida do cliente não funciona e qual fonte você vai usar no lugar, e por que decidiu assim. Se ele insistir que você utilize uma fonte completamente inadequada, não abra mão de sua decisão e, se necessário, abandone o projeto. Melhor isto do que fazer um projeto com erros, que podem manchar sua reputação no mercado.

Ou seja, seja política, demonstre-se interessada, mas saiba a hora de pular fora de trabalhos que podem se tornar problemáticos, com um número excessivo de modificações, dificuldade de negociação e muitas imposições criativas, mesmo que você, por descuido, não tenha combinado um sinal do pagamento pelo projeto. Esse tipo de trabalho acaba por ocupar tanto tempo que compensa largar logo cedo, em vez de perder centenas de horas com algo que não vai nem ao menos cobrir seus custos e ainda pode manchart seu nome.

Um abraço!