Trabalhava em laboratório de análises clínicas e hospitalar, mas desde sempre me sentia desmotivada, sem motivos pra estar todos os dias naquele ambiente assim como Lucas. Sentir a hostilidade nas relações e inospitalidade no ambiente, me fez adoecer e a questionar meus valores, pois existia em mim uma busca insesante por meu propósito, ao mesmo tempo que aquela frase clichê "exemplo arrasta" deixava muito claro o que fazer e o caminho a seguir, mas me sentia mutilada. Estar ali era a razão clara do meu propósito que era muito mais do que simplesmente coletar sangue de pacientes ou manipular material biológico. Estar ali era a oportunidade de acolher pessoas tendo apenas uma escuta sincera (pois atendia pessoas em infinitas situações de dor, faixa etária distintas, condições sociais diversas, mas que muitas vezes e na sua maioria queriam apenas serem ouvidas e compreendidas) sem padrões, convenções e rótulos. Mas os valores da empresa eram diferentes dos meus (eu fui questionada até por estar fazendo curso de Libras, não julgavam imortante, pois queriam que eu trabalhasse como máquina, sem vida social e adquirisse outras formações, já que ter uma vida fora do ambiente era conflitante para os interesses deturpados deles pra mim), pra eles fazia mais sentido bater meta, aumentar incansavelmente e destrutivamente o número de pacientes e valores, sem a qualidade devida até mesmo na manipulação do material biológico. E a certeza em mim de que eu preciso fazer algo além está muito clara aqui nesse curso. Entendo que meu propósito é poder ouvir pessoas, é permitir que elas ao serem atendidas numa unidade de saúde possam contar suas histórias. Acho que posso escrevê-las, pois atrelado a ouvir, amo escrever. E embora esteja afastada do trabalho por motivo de saúde desde 2020, tomei a decisão de amanhã dia 08/10/25, pedir demissão, não quero mais estar atrelada aquele ambiente e aqui pude entender isso e sei que nessa área vou poder viver meu propósito, através do que vou desenvolver e viver.