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como orçar ou negociar escopo aberto

pra mim é bem claro os ganhos de se trabalhar com escopo aberto, iterações, detalhar requisitos aos poucos, ir aprendendo com o cliente, etc.

o maior problema que acabamos enfrentando é o cliente não aceitar esse modelo. podemos até usar métodos e ferramentas ágeis, mas no final, o contrato tem o escopo fechado, e basicamente temos que entregar o que foi acordado dentro daquele prazo pelo valor que foi orçado.

gostaria de saber como você lida com isso, que experiências já teve e se consegue trabalhar com escopo aberto.

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Olá Rubens,

geralmente os contratos de software tem 3 fatores: escopo, tempo e custo. Só que existe um 4 fator que está implícito no software que é a qualidade. O problema clássico é justamente que de todas eles, as empresas e/ou clientes tendiam a querer deixar o escopo fixo de qualquer forma, enquanto que as outras os outros 3 acabavam variando, principalmente a qualidade.

Então o resultado disso é que para entregar o escopo fechado, a qualidade do código era piorada ou então o custo e/ou o prazo aumentavam. Normalmente quem sofria era a qualidade. O resultado disso eram softwares lotados de bugs, com custo de manutenção extremamente altos e, por ser um escopo fechado, que não atendiam a necessidade do usuário.

Então nos contratos ágeis o que tentamos negociar (e convencer ao cliente) é de deixar os fatores tempo, custo e qualidade como fixos. O único que pode variar é o escopo. Uma forma de fazer isso é justamente estabelecer contratos de curta duração e que podem ser renovados.

Por exemplo, você pode estabelece um contrato com seu cliente com o tempo de duração de 1 mês e um custo X para este 1 mês de trabalho. E é prometido que a qualidade do software entregue é garantida e não será afetada. Neste um mês de contrato é estabelecido um escopo inicial, sobre que poderá ser entregue. Porém, no meio do processo ocorra algum problema/impedimento com o time ou o cliente, eles podem negociar uma mudança no escopo como a remoção de alguma história. Ou então caso o contexto do cliente mude e ele queria trocar alguma história por novas, ele também pode negociar com o time a mudança do escopo. Ou até mesmo, caso o conjunto de histórias que o time pegou tenha sido entregue antes do final do mês, o cliente pode acrescentar novas histórias no escopo. Mas lembrando que toda mudança afetará diretamente o escopo, nunca o tempo, custo ou qualidade.

O ganho principal que o cliente terá dessa forma é que, pelo contrato durar apenas 1 mês, caso ele esteja satisfeito com o quanto o time conseguiu entregar com qualidade neste espaço de tempo e custo fixos, ele pode renovar o contrato por mais 1 mês, podendo inclusive avaliar um novo custo e escopo para o próximo mês. Porém, caso ele não tenha gostado do trabalho, ele teve apenas o custo de 1 mês de trabalho, ao invés de ficar prolongando por muito mais tempo, e poderá não renovar o contrato. Como o custo e tempo foram de curta duração, talvez ele ainda tenha budget e tempo para procurar um novo time desenvolver a sua APP ao invés do projeto simplesmente fracassar.

Só que para o time ter poder neste contrato, o time também pode cancelar ou não renovar o contrato se desejar. Isso geralmente acaba sendo necessário quando o cliente não se compromete com o trabalho, dado que para projetos ágeis o cliente tem que estar presente e próximo do time no dia a dia. Então se o cliente não participa das cerimônias, ou não está disponível para o time quando este tem alguma dúvida, um time ágil pode decidir não trabalhar mais com esse cliente.

Só tendo cliente e time próximos que é possível que eles se comuniquem melhor e entendam as dores um do outro. Inclusive esse é um dos principais fatores do porque clientes não entendem a necessidade do escopo ser variável, dado que eles muitas vezes nunca viram como é o processo de construção de um software e os problemas enfrentados no dia a dia. Quando você traz o cliente para perto do time, ele normalmente aceita melhor a cultura ágil e o escopo variável ao invés do fechado.

Então por mais que ele tenha perdido o escopo fechado (que querendo ou não sempre foi uma mentira) ele ganha previsibilidade e adaptabilidade. Para os dias de hoje em que o mercado muda em questão de dias ou até horas, as empresas que não tiverem esta capacidade de se adaptar na velocidade com a qual as coisas mudam acabam ficando para trás.

Esta discussão me provocou uma dúvida: escopo aberto? Baseado nas restrições de tempo, custo e escopo, entendo que quanto mais aberto seja o escopo, mais tempo e custo teremos para entregá-lo. É como a harmonia das arestas de um triângulo; não conseguimos mudar o tamanho de um lado sem precisar mudar o tamanho de ao menos outro lado oposto. Neste aspecto, entendo que na metodologia ágil seria contraditório entregar com agilidade (tempo curto) com escopo aberto. Procede?

Olá Marcelo,

no caso dos contratos ágeis muda bastante o triângulo em si. Antigamente de fato fixávamos 3 fatores: escopo, custo e prazo. só que sempre existiu o 4° escondido que era a qualidade. E geralmente ele o elo fraco, dado que qualquer alteração em 1 dos fatores escopo, custo ou prazo, para não interferir demais, geralmente a qualidade que acabava sofrendo.

Só que no caso da agilidade tentamos sempre buscar códigos com qualidade ( 9° princípio do manifesto ) , dado que isso reduz custo de manutenção, evita retrabalho, motiva mais o time, provavelmente diminui o n° de bugs e, consequentemente, promove maior credibilidade com cliente, etc.

Então nos contratos ágeis tentamos fixar um triângulo de qualidade, custo e prazo. Então qualquer problema que eventualmente ocorra, como por exemplo saída de membros do time, quem varia a partir de agora é o escopo estabelecido com o cliente. Provavelmente neste exemplo de perda de pessoal, vamos reduzir o escopo dado que diminuiu a capacidade de entrega com a mesma qualidade, tempo e custo.

Como o é escopo aberto, isto ajuda muito os métodos ágeis pois também promove justamente a adaptabilidade necessária hoje em dia por conta das mudanças constantes de contexto por conta de mercado e tecnologia.

E para alinhar com os princípios ágeis de entregas menores e frequentes de valor pro cliente ( 1° princípio do manifesto ), o fator tempo no triângulo também pode ser de curta duração, como contrato de 1 ou 2 meses, ao invés daqueles contratos gigantescos de anos. Estes contratos menores já vem com cláusulas de renovação caso o cliente tenha gostado do trabalho e deseje continuar. Então ao invés de tentar prever/chutar 1 contrato de 1 ano inteiro de trabalho, serão de 6 até 12 contratos menores sequenciais. Isso permite você e o cliente serem mais assertivos quanto ao custo e o escopo, dado que na renovação do contrato você pode ajustar o valor a ser pago no próximo ciclo e definir um novo escopo dado o que foi entregue no anterior.

Clareou muito a idéia a respeito de contratos ágeis. :)

solução!

Por experiência de se trabalhar em uma empresa de consultoria, a maneira mais comum de se negociar o escopo aberto é por Loan Staff.

Onde você vai "emprestar" seus colaboradores a empresa contratante e durante um período de tempo eles vão pagar o montante referente ao pacote de horas mensais acordado entre vocês.

É importante salientar que esta modalidade apesar de oferecer um escopo aberto, deve-se atentar ao tema ao qual a equipe será alocada.

Por exemplo, eu trabalhei nesse regime por 2 anos. Tudo o que era relacionado a SPED Contribuições, eu e meu colega de trabalho éramos responsáveis. Quando a área contábil precisava lidar com o SPED Fiscal eles possuíam outra equipe.

Espero ter ajudado.

Ajudou mto! :D

Respostar muito boas! Sempre tive dúvida sobre isso e foi bem esclarecedor. Parabéns aos envolvidos.