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Steve Jobs e fontes

É interessante pensar que Steve Jobs estudou caligrafia, porque achava bonito, e aplicou isso no Macintosh. Do discurso dele em Stanford, em 2005:

"o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.

Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm."

https://ideiasesquecidas.com/2018/12/23/conectar-os-pontos/

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Fala, Arnaldo

Tudo bem?

Sim, a tipografia sempre foi ponto de interesse na Apple.

Vale uma pequena história: por volta de 1760-70, o francês François-Ambroise Didot propôs melhorias no sistema de Fournier de proporção ideal dos tipos móveis. A unidade de medida da tipografia da época chamava-se cícero e Didot apresentava uma outra unidade, a paica, que considerava o pé do rei da França como base: ela correspondia a 72 avos de um pé, ou respectivamente, um sexto de polegada. A paica subdivide-se em 12 unidades, que levam o nome de o ponto. Uma polegada, desta forma, tem 72 pontos.

Nos anos 1980, quando a Apple estava preparando seu primeiro computador, o Macintosh, havia nele a preocupação de representar em tela o que se verificava no mundo “real”. Não à toa algumas funcionalidades têm nomes baseados em objetos físicos, como desktop – mesa;folder – pasta; e trash – lixeira. A resolução da tela, então, seguiu esta mesma lógica: os monitores tinham 9 polegadas com 512 px x 342 px, com cada pixel medindo exatamente um ponto. Uma polegada neste monitor continha, então, os mesmos 72 pontos da Didot, para que se uma fonte tipográfica fosse impressa ficasse exatamente do mesmo tamanho daquele visto em tela.

Abraços