“Você realmente sabe o que o usuário precisa — ou só acha que sabe?”
Há alguns anos, eu entrei em um projeto jurando que tínhamos entendido tudo: fizemos reuniões internas, definimos features e desenhamos fluxos incríveis.
Mas quando o produto foi lançado… o uso despencou.
Descobrimos tarde demais: tínhamos construído o produto certo para o problema errado.
E é aí que entra o verdadeiro valor do Product Discovery.
O que é (de verdade) o Discovery
Discovery não é uma fase — é um processo contínuo de aprendizado.
É a arte de reduzir incertezas antes de colocar o time para construir.
Em outras palavras: é transformar achismos em evidências.
O objetivo não é validar ideias — é descobrir se vale a pena resolvê-las, e como resolvê-las do jeito certo.
- Passo a passo para um Discovery de impacto
1️ - Comece com o problema, não com a solução
Antes de qualquer coisa, formule hipóteses:
“Acredito que [tipo de usuário] tem dificuldade em [problema], o que impacta [resultado do negócio].”
Isso ajuda a focar no porquê, não no como.
2️ - Vá a campo
Converse com usuários.
Use entrevistas exploratórias, shadowing, formulários e análises de comportamento.
A meta é entender o contexto real, não coletar opiniões soltas.
Dica: sempre pergunte “por quê?” mais de uma vez. É aí que o insight aparece.
3 - Mapeie dores e oportunidades
Organize o que aprendeu em ferramentas como User Journey Map, Affinity Map ou CSD Matrix (Certezas, Suposições, Dúvidas).
Esses artefatos ajudam a enxergar padrões — e a priorizar onde investigar mais fundo.
4 - Co-crie soluções:
Junte o time: produto, design, tech, negócio.
Use técnicas como Crazy 8s, How Might We ou Design Studio para gerar ideias diversas.
A força do discovery está na colaboração multidisciplinar.
5 - Teste rápido, aprenda rápido:
Crie protótipos simples (pode ser no Figma, pode ser até um PowerPoint bem feito) e leve para usuários reais.
A ideia é testar valor e usabilidade antes de escrever uma linha de código.
Use métricas qualitativas (compreensão, satisfação) e quantitativas (taxa de conversão, engajamento) para validar.
Exemplo prático
Em um projeto de agendamento médico, percebemos que os pacientes marcavam consultas e não compareciam.
A hipótese inicial era “falta de compromisso”.
O Discovery mostrou outra coisa: o problema era a comunicação confusa e o medo de cancelamento via app.
Com isso, mudamos a régua de comunicação, simplificamos o fluxo e reduzimos o no-show em 27%.
O produto não mudou — o entendimento mudou.
Conclusão
Um bom Product Discovery não é luxo, é estratégia.
É o que separa times que construem features dos que entregam valor real.
E, no fim das contas, a melhor métrica de sucesso é simples:
“Nosso produto resolveu um problema real de alguém?”
Quer um conselho prático?
Antes de planejar o próximo sprint, marque uma entrevista com um usuário.
Você pode economizar semanas de trabalho — e construir algo que realmente importa.
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