Aprender sobre inteligência emocional e autoconhecimento é como abrir uma porta para um universo interno cheio de camadas, nuances e segredos que nem sempre estou pronto para encarar. Esta aula me fez refletir sobre como as emoções não são algo que podemos simplesmente controlar, como um interruptor de luz, mas sim respostas primitivas que meu cérebro dispara automaticamente para me proteger ou me preparar para agir.
A analogia do tubarão foi um exemplo claro. Eu posso estar em um cenário perfeito, mas se algo inesperado e ameaçador surgir, minha mente instantaneamente aciona um mecanismo de defesa. Isso mostra que as emoções não são um problema em si, mas a forma como lido com elas pode ser.
A Inteligência Emocional e a Janela de Johari Compreender esse funcionamento interno passa, inevitavelmente, pelo autoconhecimento. Daniel Goleman, pai do conceito de inteligência emocional, já afirmava que antes de querer controlar qualquer emoção, preciso entendê-la. E é aqui que entra a Janela de Johari, que me fez refletir sobre como me enxergo e como sou visto pelos outros.
A Janela Aberta representa aquilo que eu sei sobre mim e que os outros também percebem. Por exemplo, se me considero comunicativo e as pessoas ao meu redor também reconhecem isso, essa característica está na minha área aberta. Já a Janela Cega me incomoda mais. Saber que existem traços da minha personalidade que os outros enxergam, mas eu mesmo não percebo, me faz refletir sobre a importância do feedback. Às vezes, acho que sou uma pessoa tranquila, mas os outros podem me ver como impaciente.
A Janela Secreta me lembrou algo ainda mais profundo: as coisas que escondo dos outros. Muitos dos meus medos e inseguranças não são visíveis para quem convive comigo, porque aprendi a disfarçá-los. Esse é um mecanismo comum, pois vivemos em uma sociedade que valoriza a força e reprime a vulnerabilidade. Mas quanto disso realmente nos protege, e quanto disso nos aprisiona?
Já a Janela Desconhecida é um território inexplorado. Há traços meus que ainda não conheço, simplesmente porque nunca precisei acioná-los. Situações extremas podem revelar partes da minha personalidade que eu jamais imaginaria ter. Será que sou corajoso sob pressão? Ou me tornaria agressivo se sentisse minha segurança ameaçada?
Traumas e o Impacto na Personalidade A parte mais intrigante desta aula foi perceber como o passado influencia diretamente minhas reações emocionais. Se um trauma está presente, minha forma de processar emoções pode ser alterada. Um exemplo claro disso é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que pode levar uma pessoa a reagir de forma intensa e desproporcional a situações que, para outros, pareceriam comuns.
Sigmund Freud, ao explorar o inconsciente, já dizia que muitas de nossas reações atuais são ecos de experiências passadas. Se cresci em um ambiente instável, posso ter aprendido a agir com hipervigilância, sempre esperando o pior. Isso afeta não apenas minha inteligência emocional, mas também como me relaciono com os outros.
Outro ponto interessante é que traumas não necessariamente resultam em fragilidade. Carl Jung, por exemplo, dizia que a sombra, ou seja, o lado reprimido da personalidade, pode ser tanto uma fonte de sofrimento quanto de crescimento. Às vezes, minhas reações podem parecer exageradas ou irracionais, mas se eu me permitir olhar mais fundo, talvez descubra que elas têm raízes mais profundas.
Dupla Personalidade e Máscaras Sociais Este aprendizado também me fez refletir sobre o conceito de dupla personalidade e as máscaras que usamos no dia a dia. Muitas vezes, criamos um "eu social" – aquela versão de nós mesmos que mostramos ao mundo – e um "eu real", que escondemos até de nós mesmos.
Isso me lembrou da teoria do Self e do Persona de Jung. O Persona é a máscara que uso para me adaptar à sociedade, enquanto o Self é minha verdadeira essência. O problema surge quando minha Persona se distancia tanto do meu Self que começo a me sentir perdido e desconectado de quem realmente sou.
Vejo isso frequentemente no ambiente de trabalho. Pessoas que aparentam confiança, mas, no fundo, sofrem com a síndrome do impostor. Gente que mantém uma postura fria, mas carrega traumas que nunca verbalizou. Quando essa desconexão se torna muito grande, surgem crises de identidade e até transtornos mais graves.
A Inteligência Emocional como Ferramenta de Equilíbrio No final das contas, inteligência emocional não é sobre ser imune às emoções, mas sim sobre compreendê-las e usá-las a meu favor. Se eu consigo identificar padrões emocionais e comportamentais em mim, posso antecipar reações e tomar decisões mais conscientes.