Oi, Viviane!
Entender a si mesma já é um passo muito importante, e a forma como você descreve sua dificuldade mostra justamente sensibilidade e desejo genuíno de se relacionar melhor. A comunicação não violenta não exige que você “sinta como os outros sentem”, nem que tenha uma leitura emocional perfeita. Ela parte do princípio de que cada pessoa faz o melhor que consegue com os recursos que tem naquele momento. Isso inclui você.
Quando pensamos em neurodivergência, especialmente no TEA, é comum que a percepção das próprias emoções e das emoções alheias seja menos intuitiva. Isso não significa impossibilidade de acolher; significa que o caminho pode ser diferente. Em vez de depender da intuição emocional, você pode construir um processo mais consciente, quase como um passo a passo.
Acolher não é adivinhar sentimentos, e sim demonstrar intenção de compreender. Às vezes basta dizer algo como: “Eu quero entender o que você está sentindo, mas preciso que me explique com clareza para evitar mal-entendidos.” Isso é CNV pura: reconhecer limites, pedir colaboração e se abrir para a conexão.
Sobre administrar os próprios sentimentos, a CNV sugere começar pela observação. Mesmo quando a emoção não é clara, muitas pessoas no espectro percebem sinais corporais, reações típicas ou pensamentos repetitivos que indicam que algo está acontecendo. Você pode usar isso como substituto da identificação emocional tradicional. Por exemplo: “Não sei exatamente o que estou sentindo, mas percebi que estou tensa e com dificuldade de me concentrar. Acho melhor eu pausar um pouco.” Nomear a experiência dessa forma já é um ato de autocuidado.
Quanto ao medo de parecer rude, é compreensível. O estilo de comunicação de quem está no espectro pode ser mais direto, literal ou objetivo, e isso às vezes é interpretado como brusquidão. O que ajuda muito é contextualizar. Explicar previamente que sua forma de falar não pretende ser agressiva reduz o impacto e abre espaço para que o outro também se ajuste. A CNV não busca formas perfeitas de comunicação, e sim relações baseadas na honestidade e na boa-fé.
Você não precisa ser diferente daquilo que é. Precisa apenas de ferramentas que funcionem para você. A CNV pode ser adaptada, e aliás, ela funciona muito bem quando entendemos que cada pessoa expressa necessidades de seu jeito. Reconhecer suas limitações não é falha; é maturidade. E pedir compreensão quando necessário também é um ato de conexão.
Espero ter ajudado.
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