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[Dúvida] Não consigo responder sobre o ikigai

Não é uma dúvida de fato, mas algo do meu íntimo, já trabalhei com tantas coisas, já vivi tantas coisas na vida, já fui músico, trabalhei nos Jogos Olímpicos como árbitro, já fui voluntário, já tive empresa de tecnologia, já fabriquei salgados e ainda por cima servidor público há 20 anos tentando encontrar o tal ikigai que me faça levantar da cama. Acho que a única coisa que sobrou após a morte de meus pais durante a pandemia foi acordar e de alguma forma dar uma vida melhor ao meu filho de 4 anos. Desculpem se não era isso que eu deveria escrever. Difícil responder até sobre o que gosto hoje em dia, é só um recomeço. Estudei muita coisa, mas nunca deu para conectar no que eu trabalhava de tantas mudanças. Acho que meu melhor momento em tecnologia, que é algo que gosto de forma geral, foi trabalhar na nuvem da AWS quando tive minha empresa de tecnologia que faliu na pandemia, nós rastreávamos ônibus e controlávamos o comportamento dos motoristas: freadas, acelerações bruscas, velocidade, toda essa parte comportamental. A gente usava bancos nosql como mongo, usava redis como cache para visualização em tempo real dos dados oriundos dos rastreador para o CCO das empresas, consumíamos filas usando rappidmq, eu mesmo decifrei inúmeros protocolos de comunicação binários de tudo quanto era tipo de rastreador. A gente consumia api, soap, entende, tinha contato com quase tudo em um mesmo período de 3 anos de existência da empresa. Eu mesmo subi uma versão personalizada do mongodb utilizando compactação gzip no lugar da padrão para reduzir o tamanho gigantesco das bases, pois o rastreador gerava dados a cada 10 segundos, imagina isso 24 horas por dias de 463 ônibus? Foi uma verdadeira imersão, participei diretamente na pesquisa por soluções, busca por plugins, api, frameworks, códigos abertos para soluções geodésicas, cálculos de distâncias, já que pagar pela api da Google Maps estava fora do orçamento, usamos leafleet, entre outras. Meu colega usava angular 6, quase ninguém aqui no Rio usava, aqui 90% ou mais é react. Lembro de ter feito contato com um cara chamado Josh, um americano desenvolvedor de um tipo específico de base de dados geográfica específica para calcular geofences, tipo, imagina eu querer registrar no banco de dados quantas vezes um ônibus entrou e saiu da garagem? A garagem era desenhada em uma mapa com o uso de polígonos ou círculos, digamos, círculos com raio de 100m, assim toda a vez que um rastreador reportar latlong do ônibus e eles estive inside geofence salvamos no banco a hora e qual motorista, linha e id do ônibus, só que essa base fazia isso com milhares de objetos e veículos simultaneamente em milésimos de segundo. Eu modelava as bases, fiz inclusive mongodb university para tentar lidar com uma base fortemente ligada ao javascript e formatada com json. Nunca aprendi tanto, e tudo na AWS, não dava pra pagar o Dynamo deles, então a gente subia ECS e fazia os servidores. Mas o legal era que funcionava maravilhosamente bem, era impossível utilizar bases relacionais devido ao volume de dados raw dos sensores. A gente tava desenvolvendo a leitura e integração com o Rio Card e nos testes já dava para dizer ao empresário que tipo de passageiro embarcava, em quais pontos, quantas gratuidades etc. Reduzia consumo de diesel, quebras, pois o bom motorista era premiado. Mas veio a pandemia, abandonei tudo meio revoltado, ficaram as dívidas, perdi meus pais, só restou meu filho e recomeçar de novo. Desculpem o desabafo, é como disse Alvin Tofler, tenho que aprender a aprender. Fiquei obsoleto.

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Acredito que as vezes o ikigai não é algo tao simples de definir, as vezes você só vai descobrir ele quando olhar para trás no futuro a sua jornada.