Bom,
Falando como alguém que conhece uma porção de pessoas fora da cis heteronormatividade, digo que tenho visto bastante mulheres trans nessa área ao invés de recorrer a prostituição (que é o lugar que a sociedade machista e transfóbica costuma reservar pra elas). Muitas encontram refúgio na área de Programação. Muitas delas não tem formação em nivel superior, mas participam ativamente do mercado de programação.
Isso, em geral, acontece porque podem trabalhar de dentro de casa de maneira independente, sem se expor ao risco da rua e é uma forma de responder ao preconceito ainda mais forte no mercado de trabalho. Artigos como esse acabam invisibilizando-as como uma minoria dentro do mercado de programação e analíse de dados, pois consideram somente aquelas que frequentam um nível superior na área.
Muitas delas tem se revelado também durante o curso superior na área de técnologia... acho que existe uma pressão do machismo que as empurra para as ciências exatas, mas que acabam não aceitando muito bem a área das engenharias dominadas pelos homens heteronormativos. Essa percepção, contudo é só minha. Não existem muitos estudos sobre as mulheres trans (acho que um pouco pela sua invisibilidade e pelos conflitos internos com os próprios grupos de estudos feministas dentri da universidade). Cheguei a propor alguns estudos para a minha professora orientadora a respeito das mulheres trans, mas a realidade é que tem sido muito dificil realizar estudo nessa área.
Muitas mulheres trans preferem não se identificar como tal (nem antes nem depois da transição por conta do preconceito e tendem não responder com sinceridade), muitas pessoas ainda confundem as mulheres trans com travestis (que são mais amplamente representados pela mídia) e crossdressers... enfim, só fazendo esse addendo já que meu TCC na área de educação foi sobre isso. Queria me aprofundar nesses estudos mas infelizmente não é todo mundo que aceita adentrar nesse vespeiro.
